13.2.07

Esse tal de ROI

Medir o retorno do investimento em um projeto de internet é o melhor que podemos fazer por ele.

Poderíamos dizer que é moda, se não fosse uma necessidade: a internet finalmente entra na era do ROI, que em gringo quer dizer Return Of Investment, em bom brazuquês Retorno do Investimento. Um conceito simples, básico, mas curiosamente recém–instaurado no mercado: cada real investido em internet precisa ser justificado e, de preferência, deve retornar acompanhado de outros reais.

Nada há de novo no conceito do ROI. É o conceito mais básico possível, que deve(ria) estar presente em qualquer tipo de projeto: todo projeto precisa dar retorno, ou não faz qualquer sentido levá–lo adiante.

Antes que os colegas mais radicais se exaltem, vale lembrar que retorno não significa obrigatoriamente reais, ou melhor, dólares, ou melhor ainda, euros. Retorno significa retorno de qualquer espécie.

Um projeto pode ter como retorno a inclusão digital de 1200 crianças de primeiro grau em determinada escola pública ou a popularização do software livre em determinada universidade federal. Enfim, N “retornos” possíveis: sociais, institucionais. Embora na grande maioria das vezes este retorno seja mesmo sinônimo de dinheiro.

Portanto, o conceito é lógico e faz sentido. O curioso é pensar que até alguns anos atrás este conceito simplesmente parecia não se aplicar aos projetos de internet.

Ainda lembro de um célebre comercial da IBM, acho que de 1995, onde dois caras conversavam, um deles lendo o jornal e falando: “Aqui diz que em cinco anos todas as empresas do mundo vão precisar estar na internet”. O outro perguntava: “Mas pra quê?”. O primeiro procurava no jornal e respondia: “Aqui não diz”.

E assim fomos, FASE 1 da internet comercial: você precisa estar lá, não importa pra quê.

As empresas correndo atrás dos poucos desenvolvedores, pagando o que eles pediam para desenvolver seus projetos de internet, geralmente presenças meramente institucionais, basicamente sem serviços. Aquilo era claramente o futuro, mas ninguém sabia exatamente como. A questão era não ficar pra trás.

Na FASE 2 desta internet comercial, as empresas .com mostravam seu incrível valor (na verdade, inacreditável valor, por que era mesmo difícil acreditar naquilo): a corrida do ouro da era digital.

Agora eram centenas de bilhões de dólares colocados neste novo mercado, em empresas estranhas, sem qualquer tipo de retorno compreensível, mas que a bolsa valorizava como nada visto antes.

A novidade e a euforia dos primeiros anos foi tanta, que a internet comercial deslanchou sem que o ROI fosse uma exigência básica.

O resultado, da FASE 1 e da FASE 2 juntas, foi um monte de dinheiro desperdiçado e projetos falidos, o que gerou uma bela ressaca de alguns anos e a idéia de que internet era uma “roubada”. Logo em seguida gerava também uma atitude muito “estranha” por parte daqueles que se mantinham no mercado, ou retornavam: eles agora exigiam a comprovação do RETORNO DE SEUS INVESTIMENTOS, ou então não investiam mais.

E com este “aprendizado” chegamos então, a FASE 3 da internet comercial, a era do pé no chão, aquela onde, basicamente, é preciso se ter um bom plano de ROI para colocar um projeto na internet e, principalmente, é preciso COMPROVAR esse retorno constantemente, ou o projeto não é levado adiante.

E o mais legal nesta hora, é a constatação de que, SIM, os projetos de internet são interessantes do ponto de vista do ROI e na medida em que as empresas vão conseguindo ter esta comprovação, mais dinheiro vai sendo destinado ao mercado, fazendo ele crescer de forma sustentada e racional.

Parece que o pessoal estava querendo evitar, mas este tal de ROI até que é um cara legal.

[Webinsider] Michel Lent Schwartzman

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